Matéria publicada originalmente na coluna Papo de índio do Jornal Pagina 20
Por Leilane Marinho
“Diga aos povos que avancem”. E eles avançaram. Foram mais de 4 mil representando povos indígenas que vivem na Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pampa e nas cidades. A 15ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL) que aconteceu nos últimos dias (24, 25 e 26) em Brasília foi de debates, articulação entre as delegações e encontro com autoridades. E especialmente de muita força espiritual dos povos indígenas que com cantos, vigílias, ritos e rezos vivificaram o solo do Planalto Central numa demonstração de organização, mobilização e de união dos povos originários de todo o país.
No Acre foi o primeiro ano que organizações indígenas se mobilizaram para a realização do ATL em Rio Branco. Mas também teve delegação de indígenas do estado em Brasília, composta por Edileuda Shanenawa; Orlei Shawãdawa; Ismael Shanenawa; Railson NokeKoe e Toya Manchineri.
Durante os três dias na Universidade Federal do Acre (UFAC), cerca de 70 indígenas do Acre e do sul do Amazonas e noroeste de Rondônia debateram sobre políticas indigenistas oficiais e estratégias diante do quadro de ameaças aos direitos indígenas. Também foi produzido um documento do ATL local que será divulgado e protocolado em instâncias públicas estaduais e federais na próxima semana.
Enfrentando um cenário ainda mais duro que nos anos anteriores, a 15ª edição do ATL levantou voz pelo direito de existir dos povos indígenas e o coro por Demarcação Já e não desmonte da Fundação Nacional do Índio (Funai). Em audiência com os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia e do Senado, Davi Alcolumbre, os parlamentares se comprometeram a modificar a Medida Provisória (MP) 870, que transfere a Funai para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Como todos os anos, o Abril no Acre Indígena publica na Coluna Papo de Índio o documento final do ATL. Confira neste link : Resistimos há 519 anos e continuaremos resistindo_ XV ATL – 2019.docx