O XXXIV Curso de Formação de Agentes Agroflorestais Indígenas (AAFIs) reuniu no Centro de Formação dos Povos da Floresta (CFPF), sede da Comissão Pró-Indígenas do Acre (CPI-Acre), 24 AAFIs de cinco povos – Nukini, Shanenawa, Manxineru, Huni Kuĩ e Yawanawá – e de sete Terras Indígenas: TI Kaxinawá do Rio Humaitá, TI Mamoadate, TI Alto Rio Purus, TI Ashaninka do Rio Breu, TI Katukina-Kaxinawá, TI Nukini e TI Rio Gregório. As aulas iniciaram no dia 19 de novembro e o encerramento ocorreu no dia 13 de dezembro.

Nesta etapa, os AAFIs tiveram de Agroecologia, com foco em segurança alimentar e no manejo de resíduos sólidos; Cartografia Indígena; Fundamentos e Diretrizes da Função de AAFI; Língua Hãtxa Kuĩ; Língua Portuguesa; Matemática; Artes e Ofícios e Arqueologia.

Os cursos de formação de AAFIs promove a valorização e a expansão dos conhecimentos de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas na Amazônia brasileira e são realizados desde 1996, sob a coordenação da Comissão Pró-Indígenas do Acre (CPI-Acre), em parceria com a Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre (AMAAIAC). Além dos cursos intensivos, que acontecem anualmente no CFPF, a formação, com certificação de Ensino Médio Técnico-Profissionalizante, inclui oficinas e assessorias realizadas nas TIs, trabalho prático nas aldeias e viagens de intercâmbio para troca de experiências em áreas relacionadas à formação.

Cinco mulheres AAFIs participaram do curso, fortalecendo a representatividade feminina na gestão territorial. Para Laura Yawanawá, da TI do Rio Gregório, ser uma AAFI significa não apenas adquirir conhecimentos técnicos, mas também valorizar as tradições de seu povo. “A floresta é a nossa casa e a nossa responsabilidade. O que aprendemos aqui levamos para nossas aldeias, unindo os ensinamentos antigos com o que aprendemos no curso”, destacou.

Artes e Ofício
Nos Cursos de Formação de AAFI a arte é tratada como tema interdisciplinar e a inclusão da disciplina denominada Artes e Ofício na formação técnica- profissional busca desenvolver e aliar as dimensões artística, cultural e ambiental à educacional, e também à geração de renda na atuação dos/as AAFIs. A fonte de inspiração para a produção está nas próprias tradições mitológicas, espirituais e ancestrais dos/as AAFIs, bem como na conservação da biodiversidade e da floresta ameaçada.

Foca-se na produção de peças utilitárias com valor artístico; na reciclagem e reutilização das madeiras desperdiçadas, dando valor às árvores caídas. São produzidos móveis, esculturas e outros objetos de uso, assim como se desenvolve e aprimora o reconhecido talento de alguns AAFIs, especialmente para as artes plásticas, de recriar e transformar a madeira em arte. As esculturas em madeira mostram a riqueza e o dinamismo dessa forma artística trabalhada pelos jovens, onde personagens mitológicos são personificados na madeira, como disse o AAFI Josias Mana “estamos esculpindo as nossas histórias”.

No XXXIV Curso de Formação AAFIs, o agente agroflorestal Lucas Puyanawa ministrou as aulas de Artes e Ofício, e durante uma semana, a turma trabalhou com produção de bancos esculpidos em madeira, reutilizando árvores caídas no CFPF. “Na produção de móveis com o cipó cravo é necessário que os AAFIs e as comunidades saibam usar o cipó de um modo que não acabe com esse recurso. É necessário saber manejar o cipó para que se possa confecção sempre os móveis sem acabar esse recurso natural”.  Destaca-se que são AAFIs que estão iniciando a formação e trabalhando pela 1ª vez com este tipo de produção.