Coletivo: CPI-Acre, Comitê Chico Mendes, Amaaiac
A articulação entre os povos indígenas e as comunidades extrativistas, vem se fortalecendo nos últimos anos. Desde os anos 80, a Aliança dos Povos da Floresta no Acre comprova que ações conjuntas entre os povos originários e populações tradicionais são essenciais para a conservação através do uso sustentável da floresta, com menores impactos ambientais, mais respeito aos modos de vida e as realidades de quem vive na floresta.
Destacam-se, nos últimos cinco anos, novas ações e iniciativas realizadas no Acre para apoiar uma reconexão entre os povos indígenas e comunidades extrativistas de gerações mais jovens, visando valorizar um importante legado de lutas e conquistas, integrar ações conjuntas para enfrentar ameaças, valorizando a contribuição dos territórios e das populações para a mitigação das mudanças climáticas, principalmente a segurança alimentar e a biodiversidade, significativamente ameaçadas.
Essas ações acontecem por meio de projetos, como: Reconectando Alianças, Corredor Socioambiental Juruá-Purus, Experiências Indígenas de Gestão Territorial e Ambiental em Terras Indígenas, Alianças entre Indígenas e Extrativistas pelas Florestas no Acre, Proteção de Povos Indígenas e Tradicionais, Jovens Protagonistas, Festival Jovens do Futuro, que, com o propósito de fortalecer e expandir ações de gestão territorial e ambiental e gestão integrada de Terras Indígenas e Unidades de Conservação, unem em consórcio e outras formas de parcerias, diferentes instituições e associações indígenas, entre as quais a Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre, OPIAC, Cooperativa Popular Shawãdawa de Igarapé Humaitá Pushuã, Associação Sociocultural yawanawa, Associação Kaxinawá da Praia de Carapanã, Associação dos Indígenas do Rio Humaitá, Organização dos Povos Indígenas Huni Kuĩ do Alto Rio Purus, Associação do Povo Indígena Nawa, Comissão Pró Índio do Acre, Comitê Chico Mendes, SOS Amazônia, o Instituto Catitu, abrangendo um território de aproximadamente 54.000 km² de floresta.
São trabalhos para fortalecer e reconectar a aliança no Acre, empoderar, formar, engajar, divulgar, denunciar, comunicar, em diferentes áreas como o fortalecimento político das organizações indígenas e extrativistas, algumas com longa história de luta para garantir o direito à terra e à autogestão dos territórios, incidindo e mantendo as políticas públicas e ambientais; a proteção e o monitoramento territorial comunitário; a segurança alimentar e a produção sustentável que garante alimentação saudável, além de outros benefícios, apoiando a produção e a valorização de artesanato, formação de jovens comunicadores indígenas e extrativistas, equidade de gênero, inclusão de jovens e mulheres.
Somando à mobilização nacional no ATL, em março e abril, foram realizadas atividades nos territórios com a participação de indígenas das Terras Indígenas Kaxinawá Ashaninka do Rio Breu, Jaminawa Arara do Rio Bagé, Apolima Arara, Kampa do Rio Amônia, Rio Jordão, Kaxinawá do Rio Humaitá, Arara do Igarapé Humaitá e moradores da Reserva Extrativista Alto Juruá e Chico Mendes. Um período movimentado entre quatro reuniões de comunitários, duas oficinas, um encontro para pactuar plano de trabalho envolvendo as TI e a Resex Alto Juruá, com mais de duzentos participantes. Estas atividades tiveram a aliança como tema central, debatendo as interfaces entre os projetos citados, definindo e pactuando com os participantes planos de trabalho conjunto para a gestão territorial integrada, apoio a segurança alimentar (SAF e criação de animais domésticos), formação de jovens comunicadores, apoio ao fortalecimento das associações locais, intercâmbios e troca de experiências inovadoras, destacando-se oficinas e reuniões com as mulheres e o atendimento de suas demandas.
Em parceria é que as iniciativas se consolidam como luta pela defesa ampla de direitos territoriais, socioambientais, com equidade de gênero e justiça. Essas articulações entre os povos indígenas e as comunidades tradicionais pela proteção da floresta, com atividades concretas nos territórios, são demandas das comunidades, priorizando os jovens e as mulheres, reconectando algumas relações e consolidando outras que permitem fortalecer a aliança, enraizando e legitimando-se localmente.