Tradução de Maria Emília Coelho
No Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho), foi outorgada para a Asociación de Conservación Comunal de Yurúa uma concessão para proteger 45.669 hectares, localizados nos rios Juruá e Ucayali, no Peru, na fronteira com o Brasil. A associação é formada por nove comunidades indígenas, sendo a primeira associação de povos indígenas da Amazônia criada no país para administrar uma concessão para conservação.
Durante mais de vinte anos, as comunidades do Juruá, e as organizações indígenas ORAU e ACONADISH trabalharam juntas para obter uma área de conservação que proteja seu território ancestral e garanta os serviços ecossistêmicos. Hoje, conseguiram através de uma Concessão de Conservação, uma modalidade para conservar florestas e corpos de água que são a base para o desenvolvimento local e regional, solicitada pelos cidadãos, neste caso, os povos indígenas de Juruá peruano.
Esta concessão, juntamente com outras áreas de conservação e territórios indígenas na fronteira entre o Peru e o Brasil, como o Parque Nacional Alto Purús e a Reserva Indígena Murunahua, protege áreas-chave para o bem-estar dos povos Ashéninka, Asháninka, Yaminahua, Amahuaca e Yanesha, garantindo a segurança alimentar e o fornecimento de água aos habitantes das comunidades, entre outros serviços ecossistêmicos. Mas também contribui para a consolidação de um grande bloco de florestas amazônicas em bom estado, o que garante a existência de vários grupos de povos indígenas em isolamento e contato inicial (PIACI), que são os grupos humanos mais vulneráveis do mundo. Deve-se notar que as florestas amazônicas do Peru e do Brasil abrigam quase um terço de todos os PIACIs a nivel global.
A conservação de florestas é um mecanismo priorizado pelo Estado peruano para mitigar a mudança climática, pois contribui diretamente para o cumprimento de compromissos nacionais determinados (NDC) no âmbito do Acordo de Paris.
Em aliança com o SERNANP-MINAM, a Autoridade Ambiental Regional de Ucayali, o Município de Yurúa, o Ministério da Cultura, ProPurús, Andes Amazon Fund e organizações indígenas, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) – através do Projeto Amazônia Resiliente, com o financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) – realiza um trabalho coordenado entre o Estado e instituições privadas para apoiar a criação e consolidação deste importante espaço, garantindo também o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que o Peru também se comprometeu no marco da Agenda 2030. (Heidi Rubio / Proyecto Amazonía Resiliente (Sernanp – Pnud Peru))