Dedê Maia na terra indígena Kaxinawá do Rio Humaitá (foto: Ion David)

Filha do Acre, Djacira Maia – mais conhecida como Dedê, foi uma mulher pioneira  e sua trajetória se confunde com a história do indigenismo acreano, que muito reconhece os homens e pouco fala das mulheres indigenistas que romperam preconceitos pata lutar junto aos povos, dentro da floresta.

Dedê trouxe esperança para um futuro que vislumbrava o respeito e o cuidado com os povos desta terra.  Partiu deste mundo no dia 03 de fevereiro de 2023, mas sua memória será sempre lembrada e viva. Deixou três filhos – Patricia Coube, Teti Coube e Marcelo Coube – três netos, uma neta e um bisneto e, para as próximas gerações o trabalho de uma vida com os povos indígenas.

Esteve na CPI-Acre desde sua fundação, pertencendo ao grupo de acreanos que colocaram seus esforços para que esta instituição pudesse nascer.  Trabalhou com a formação de professores indígenas em meados dos anos 70, nos projetos junto como a CPI-Acre. Atuou principalmente como pesquisadora, colaborando na revitalização cultural tradicional de vários povos, em especial o povo Huni Kuĩ que vive na Terra Indígena Kaxinawá do Rio Humaitá. Dessa experiência, do acúmulo de anos escutando, registrando e resgatando os saberes e histórias dos povos indígenas, surgiu o Centro de Documentação e Pesquisa Indígena (CDPI).

Em 2020 lançou um diário com memórias do indigenismo no Acre, o livro Viagem Pelos Rios do Interior. A obra que tem escritos datados de 1978 é um importante registro do movimento indígena no estado. Nos seus diários de campo, enquanto esteve na TI Kaxinawá do Rio Humaitá, Dedê escreveu o processo de luta dos indígenas, as reuniões e alianças com seringueiros, com detalhes de quem acompanhou o cotidiano na aldeia quando os fatos aconteciam. Os íntimos registros em forma de cartas “fictícias” também exploram seus sentimentos, como uma mulher sozinha que adentra a floresta e vive experiências inéditas.

“Nessa viagem, tenho me permitido viajar também pelos “rios do meu interior”. Descubro-me de tantas formas! Com alternâncias de sentimentos que me surpreendem e me impressionam. Ora me encontro guerreira, determinada, corajosa… Ora medrosa, cautelosa, pensando estratégias para lidar com uma política de governo tão desfavorável aos povos que habitam a floresta, bem como a todos nós. Esse primeiro encontro com os Kaxinawá do Humaitá e com os seus “patrões”, tirando a lembrança dos meus filhos que me acompanham como força de esteio, ocupa todos os meus pensamentos neste início de viagem… Ou quase”, escreve Dedê em um trecho do livro

Nos últimos dois anos, Dedê trabalhou em projetos audiovisuais,  com registros coletados em uma das últimas viagens a trabalho nas Terras Indígenas do Rio Jordão e do Rio Humaitá.  Organizou, roteirizou e dirigiu a série de vídeos Tecendo Memórias, apoiada pela CPI-Acre, que dentre os objetivos, busca guardar e levar para as novas gerações as memórias das antigas lideranças indígenas, parteiras, professores, agentes agroflorestais e artesãs, conectando esses relatos com a territorialidade, a segurança alimentar, a arte, a espiritualidade e a escola tradicional.

Em setembro de 2023, foi uma das convidadas para o cine debate da Mostra Audiovisual Vozes da Floresta, na Universidade Federal do Acre (UFAC), junto com a turma de jovens indígenas que fazem parte da Formação de Comunicadores Indígenas da CPI-Acre. Compartilhou com generosidade sua experiência na produção audiovisual e suas memórias, contando histórias dos avôs de muitos que estavam ali. Mesmo com a saúde fragilizada, nunca deixou de trabalhar em prol dos povos indígenas, tinha muitos projetos e muita força de vontade para executar cada um deles.

Dedicamos esse espaço em construção à memória de Dedê Maia e a homenageamos por todo seu trabalho e legado, que contribuíram enormemente com a história da CPI-Acre e com os povos deste estado. Abaixo, reunimos homenagens e depoimentos de pessoas amigas da Dedê, e seus companheiros de luta.

 

 

Homenagens e depoimentos:

 

“Recebo consternada a notícia da partida de Djacira Maia, a querida Dedê, pioneira do indigenismo na Amazônia e companheira de tantas lutas em favor da floresta e de seus povos. Dedê e sua irmã, Concita, subiram os rios do Acre com o antropólogo Terri Aquino, ainda nos anos 70, para aprender com os povos indígenas os saberes da floresta e para ajudá-los a demarcar terras, criar escolas e valorizar sua produção cultural, material e simbólica. Tornou-se ela também uma mestra de sabedoria, como as artesãs Huni Kui com quem conviveu e trabalhou. Escreveu livros, gravou vídeos e compartilhou sua experiência com as novas gerações que hoje seguem no trabalho e na luta.Sendo mais experiente do que eu, sempre me acolheu nos momentos de grandes desafios que atravessamos, acompanhando as lutas dos povos da floresta, sobretudo no mandato que exerci como deputada estadual. Já não a encontrava há vários anos, e soube que ela, mesmo com problemas de saúde, continuava trabalhando e passando sua experiência e seus conhecimentos aos mais jovens, com a paciência e o carinho de sempre.Rogo a Deus para que conforte seus familiares e amigos e para que seu legado de trabalho tenha acolhida, seja reconhecido e valorizado, porque é essencial carregar para o futuro as boas sementes plantadas pelos que vieram antes de nós”Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima

 

“Conheci a Dedê quando eu era muito jovem e nos tornamos muito amigas. Falar dela nesse momento da sua partida, é desse lugar de uma grande amiga. Ela também  foi uma companheira de trabalho, nós sempre trabalhamos juntas, dividimos muita coisa… de alegrias, sonhos, angústias, tensões. Eu vejo que como as histórias e fatos no nosso trabalho se misturam  com nossas histórias de vida. Então é uma amiga que se foi, e nesses últimos tempos que ela estava com a saúde mais frágil tive muitas vezes com ela. Nos encontravámos com frequência mesmo eu nessa ponte aérea Acre -Brasília. Eu dizia para ela mudar o prumo. Dizia para ela ir pra  mais poesia, mais cantoria e eu falava: “você já trabalhou muito e já está na hora de olhar outras coisas da vida”.  Mas ela sempre  muito comprometida com os povos indígenas, com a floresta, muito engajada e combativa, nunca deixou de trabalhar. Era novo roteiro, novas ideias, projetos. Eu falava: hoje não vim trabalhar. A gente ria, mas não tinha jeito. Voltava para o papo de trabalho! Dedê nunca quis sair do Acre. Ficava uns tempos fora, mas seu horizonte, projetos e sonhos eram com os txais, o Acre e a floresta, sendo sempre muito corajosa e respeitada pelos txais. Dedê soube lidar bem com a fragilidade da saúde. Eu acho que quando ela foi ficando cansada dessa rotina de hospital e cuidados médicos, ela decidiu que queria cantar como passarinha e voar em todas as direções da floresta, mas também do mar e da montanha. A gente tem que ter o tempo para a gente se acostumar com a fato dela estar conosco de uma outra forma. Nesse momento só consigo dizer que estou com saudades! Apesar das tempestades da vida nos últimos meses, conseguimos ter encontros alegres e com boas risadas. Estou com esse sentimento, o afeto, uma grande saudade de uma amiga que se foi pra outro plano”Vera Olinda , coordenadora executiva da CPI-Acre

 

“Uma tristeza muito grande para os indígenas do Estado do Acre. Perdemos uma grande experiente e guerreira que nos motivou nos trabalhos de educação escolar. A matéria e o espírito foi, mas o patrimônio fica vivo” – Joaquim Maná, professor indígena

 

“A professora Dedê foi uma das precursoras do indigenismo acreano, ajudando as lideranças indígenas nas suas reinvindicações territoriais, por educação, saúde e um meio ambiente saudável. Desde 1978 vem trabalhando com indígenas do Acre e do Sul do Amazonas, e foi neste ano que ela foi convidada pelo Vicente Sabóia, e por mim também, para ir lá no Humaitá, onde passou 3 meses ajudando e treinando os contadores das cantinas das cooperativas de borrachas Huni Kuĩ, que estavam trabalhando por conta própria, independente dos patrões e dos seringais e acabaram dominando os seringais com esses projetos que eles receberam, e muitos deles foram começados com a Dedê, que foi ensinar nas horas vagas. Ela treinava os próprios indígenas para fazere esse trabalho, que era muito importante na luta pela terra, que estava começando. Então a Dedê foi essa pessoa precursora, que foi para lá ajudar. O Macedo diz que foi a primeira professora indígena, passou 3 meses dando aulas para as crianças na aldeia São Vicente, lá no Rio Humaitá. Ficou lá muito tempo, depois voltou em 79 e ajudou na fundação da CPI-Acre, junto com muita gente, e foi uma das primeiras participantes dessa entidade que ela ajudou a criar. Depois, quando a professora Nietta Monte veio dar aula e ajudar a criar realmente a educação indígena no Acre, a Dedê foi uma das pessoas a estar junto com a Nietta, e sob a orientação dela, trabalhou muitos anos como professora na aldeia, no projeto de Autoria Indígena da CPI-Acre. Depois a Dedê se embrenhou para fazer cinema indígena, etnografando a cultura material do povo Huni Kuĩ, principalmente, mas também Ashaninka, Arara e Puyanawa, ela andou em quase todas as aldeias do Acre. Deixou um legado de amor, de luz e de trabalho honesto e de dedicação a este trabalho. Dedê foi como Deus a fez, com a cara e a coragem de trabalhar em benefício dos nossos irmãos indígenas. Deixou muitas saudades entre seus amigos da CPI-Acre, e especialmente a mim que sou seu compadre”, Terri Aquino, antropólogo

 

“Dedê Maia é originária de uma sociedade indígena, provavelmente Manxineri, é uma indigenista antiga, como eu e os indigenistas pioneiros do Acre. Ela foi a pessoa que fundou a primeira escola indígena diferenciada junto ao povo indígena Huni Kuĩ, na TI Kaxinawá do Rio Humaitá. Foi uma indigenista de muito valor, que está conosco desde a criação da CPI-Acre, e nunca abandonamos esse espírito da luta que desenvolvemos com essa instituição. Ela foi viver no campo da Luz, e nos deixou muitas saudades. Devemos lembrar da importância da Dedê, e temos certeza que ela com todos os seus feitos, por tudo que participou, ela não deixa somente saudade, mas um legado de comportamento indigenista muito sério e competente. Ela é uma das primeiras mulheres a se tornar indigenista no Acre e a desenvolver todo esse trabalho desde 1978 para cá, e estamos aqui zelando por tudo aquilo que ela representou para nós, zelando desse legado que vc ajudou a construir”, Txai Macedo, presidente da Fundação Txai

“Dedê Maia, ela trazia um riso profundo e uma grande determinação. Falava com doçura, mas com firmeza. Criou o Centro de Documentação e Pesquisa Indígena, o que não é pouca coisa. Naquela época, quase fui trabalhar com ela no Centro recém-criado. Mas não fui, a vida deu voltas e anos depois me vi um dia em conversa com o trio histórico do indigenismo acreano – ela, Terri e Macedo. Queriam documentar a memória dos primeiros tempos, década de 1970, queriam contar a história que viveram. Não lembro mais se era um filme ou se era um livro que queriam fazer, mas queriam deixar para o mundo a narrativa do que foram aqueles tempos em que iam à floresta encontrar com Kaxinawás, Araras, Poyanawas e tantos outros, falando de seus direitos, convivendo, criando laços. O tempo dos direitos. Dedê Maia foi uma das artífices desse tempo mítico, fundador, quando os povos da floresta acreana floresceram por cima dos barracões dos patrões, das estradas acorrentadas dos seringais, das interdições emudecendo línguas, gestos, rituais. Os povos rebrotaram com força de dentro da floresta, arrebentando o tempo do cativeiro. E, junto com eles, algumas pessoas, mensageiras do novo tempo. Entre elas, Dedê. Que agora virou estrela e alumia, lá de cima, os caminhos de todos nós. Que essa luz guie a trilha do CDPI no cumprimento de sua função reveladora de sabedorias, desveladora de mundos, em direção ao tempo sonhado da interculturalidade verdadeira.  Odoyá, 12 de fevereiro de 2024″ – por Mara Vanessa Fonseca, conselheira da CPI-Acre

“É com imenso pesar que a Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ) lamenta o falecimento de Dede Maia, indigenista acreana de destaque e incansável defensora dos direitos dos povos indígenas. Dede dedicou sua vida à proteção e à promoção das culturas indígenas, trabalhando arduamente para garantir a preservação de suas terras, tradições e saberes. A partida de Dede Maia deixa um vazio imenso em nossos corações, mas também reforça nosso compromisso de continuar sua luta pela justiça e pelo respeito aos povos indígenas em todo o Brasil. Sua vida foi uma inspiração para muitos, e seu legado permanecerá vivo nas histórias que contou, nas lutas que liderou e no amor que tinha pelas comunidades indígenas. Neste momento de dor, a OPIRJ se solidariza com a família de Dede Maia, seus amigos e todos os povos indígenas que tiveram a honra de compartilhar de sua jornada. Que possamos encontrar consolo na memória de seu incansável espírito de luta e na certeza de que seu trabalho continuará ecoando pelas florestas e comunidades. Nos despedimos de Dede Maia com profundo respeito e gratidão, comprometendo-nos a honrar sua memória através da continuação de seu valioso trabalho. Que ela descanse em paz, sabendo que sua luta segue viva em cada um de nós”. – Francisco Piyãko, Coordenador da OPIRJ

 

“Obrigado Dedê Maia por sua grande contribuição na luta pela autodeterminação dos povos indígenas acreanos. Que o Criador te receba de braços abertos. Faça sua jornada espiritual na luz divina”, Tashka Yawanawa, liderança indígena

 

“Ela não só foi uma das co-autoras da implantação das primeiras escolas indígenas nas aldeias, como sempre esteve sensivelmente ligada ao que poderia animar, valorizar e comunicar dos conhecimentos e práticas dos povos indígenas, em particular, das artesãs Huni kuĩ (Arte do Kene, Cantos do Nixi Pae etc.). Conheci a Dedê durante a realização do III Encontro de Culturas Indígenas do Acre e Sul do Amazonas, realizado no Espaço Kaxinawá que ocorreu (acho) em 2001. O evento foi maravilhoso e ela foi uma das pessoas que se destacavam. E a lembrança desse primeiro contato ficou bem marcada e a essa lembrança somaram-se outras do trabalho juntos que começou na sede da CPI-Acre ainda na Rua Pernambuco, na sala que antes era do Setor de Saúde e acabou virando espaço necessário para o acervo da instituição. Com a percepção clara que tudo aquilo que estava lá precisava ocupar um “espaço” maior para a CPI-Acre e para os indígenas que participavam dos cursos, e ela batalhou pela criação do CDPI e sua organização naqueles primeiros anos de existência. O importante disso tudo, é a lembrança também do quanto o indigenismo aqui na nossa terra, quanto em outras partes do país é resultante da trajetória dessa e de outras indigenistas. Que Dedê Maia receba toda a acolhida, luz e paz na sua passagem!” – Gleyson Teixeira, assessor na CPI-Acre

 

“É com profundo pesar que recebemos a notícia  que a companheira Djacira Maia, carinhosamente conhecida como Dedê, encantou-se. Acreana com origens nordestinas e indígenas, Dedê é uma das mulheres indigenistas que contribuíram enormemente com a luta dos povos indígenas do Acre. Trabalhou na formação de professores indígenas e também esteve junto com Chico Mendes na construção da Aliança dos Povos da Floresta. Em 2023, tivemos a honra de homenagear Dedê com o Prêmio Chico Mendes de Resistência na Semana Chico Chico Mendes – 35 anos em reconhecimento a sua relevante participação no movimento dos povos da floresta. O Comitê Chico Mendes vem se solidarizar com os familiares e amigos de Dedê Maia, e pedimos conforto aos corações neste momento de luto”Comitê Chico Mendes

“Dêdê no astral! 
Dêdê entrou no iluminado varadouro e partiu.
Mergulhou no rio das águas eternas e sorriu.
Deixou um jamaxi cheio de legado ornado de voos de pássaros, de rios navegados, de noites florestais, de labuta nas aldeias, de amor maternal. 
Dêdê, agora, está na oca celestial das mulheres iluminadas no astral”Francis Mary Alves de Lima

“A Dedê foi e, vai continuar sendo, uma inspiração para todas nós. Além de toda história que de atuação com os povos indígenas, ela sempre foi muito preocupada com os registros, e com a forma de passá-los para as próximas gerações, sejam na forma dos vídeos que ela produziu. E neste aspecto podemos considerá-la a maior cineasta nas questões indígenas no Acre, porque ela produziu vários documentários e mini-documentários sobre os povos indígenas, especialmente os Huni Kuĩ. Ela nunca deixou de pensar nesses projetos, nesses registros e nessas memórias. Nos últimos tempos ela se dedicou aos projetos audiovisuais, já que ir para as aldeias começou a ficar mais pesado, por conta da saúde. Este legado dela é uma referência para nós!”, Juliana Lofêgo, professora do curso de Jornalismo da UFAC

 

Mestra de vida na floresta, Dedê é essa mistura de luta e alegria, é assim que a via nos últimos anos. O sorriso dela me vem à mente, lembrando das suas histórias de luta, de andanças e fatos engraçados, dos primeiros anos de idas e vindas pelas aldeias do Aquiri, me contava das grandes assembleias indígenas e da relação com os parentes Huni Kui, que até companheiro queriam dar a ela para não ficar sozinha na floresta. Certa vez, durante um grande encontro de mulheres indígenas ocorrida na CPI-Acre, vendo  a querida Erondina Sales Kaxinawa, suas filhas e netas na frente do salão com o microfone na mão, cada uma querendo falar mais que a outra, Dedê falava entusiasmada: “ Txai, Vivemos novos tempos, onde as mulheres estão colocando suas demandas, por elas mesmas, diferente das assembleias ou outras reuniões, onde ficavam caladas num canto!”. Dedê acompanhou as mudanças boas, mas também tempos difíceis para os povos indígenas no Acre, e deixa um legado bonito e importante para a história do indigenismo deste Estado. Demorava encontrá-la, mas quando acontecia, a conversa era longa. Por onde ando, sempre me perguntavam por Dedê, eu respondia: “ainda na ativa com vários projetos audiovisuais, livros e lives”. Hoje vou responder que ela virou uma estrela no universo, luz eterna no seu voo maior que deixou saudades entre nós!” – Malu Ochoa, assessora da CPI-Acre

 

“Dedê, nossa querida @dedemaiainani foi voar e cantar com os passarinhos…Dedê nasceu Djacira Maia de Oliveira,  mas na floresta ganhou muitos outros nomes. Grande amiga e aliada de nossas famílias, Dedê foi fundadora da Comissão Pró-Indígenas do Acre, uma organização acreana sem fins lucrativos, criada em 1979, com a missão de apoiar os direitos coletivos dos povos indígenas que vivem no Estado. Antes disso, a opinião pública acreana e o governo, incluindo a FUNAI, não reconheciam a existência de índios no Acre. A primeira grande vitória da organização foi a demarcação das terras. A demarcação possibilitou “o tempo dos direitos” para os indígenas. A educação foi um dos mecanismos para a autonomia dos povos. Dedê foi fundamental para diversos programas, entre eles a formação de agentes Agroflorestais indígenas. Quando conheci pessoalmente a Dedê ela já me conhecia e costumava dizer que já me conhecia desde antes de eu nascer, tinha me visto antes em outras formas em suas mirações, me reconheceu e acolheu como neta e eu a acolhi como avó.  Como uma neta que perde uma de suas últimas avós meu coração hoje está em frangalhos, mas ficam os sorrisos e um carinho que está guardado no coração. Fiz pra ela um colar de borboletas,  momõroa,  nosso colar antigo tradicional usado antigamente pelas mulheres de nosso povo… ela gostava muito de usar, e meu desenho ficava na cabeceira de sua cama.  Envio meu abraço apertado e meus profundos sentimentos a toda nossa família do acre que fica órfã com a partida da Dedê , especialmente aos meus pais e tios que lutaram junto com essa mulher gentil e generosa. Añû por tudo Dedê, te amo. Sei que vc está cantando na floresta nossa mãe.”  Daiara Tukano, artista indígena

 

“Dede Maia, primeira professora do povo Huni Kuin, acompanhou a luta desse povo pela reconquista de suas terras devolvendo a liberdade , a dignidade, a honra, a cidadania e sua historia através da musica, pinturas e danças, em um tempo que eram escravizados pelos senhores seringalistas. Nesta jornada Dede enfrentou desafios inimagináveis.T ive a honra de acompanha-la em varias viagens pela floresta Acreana e registrar lindos momentos eternizados em seu livro “Viagem pelos rios do interior”. Aprendi Muito com Dede Maia, minha madrinha da floresta, eternamente grato por ter te conhecido e te acompanhado em um pedacinho da sua historia.No dia 2 de Fevereiro, dia de Yemanja Dede fez a passagem, chegou ao oceano, virou uma estrela a brilhar no céu. Para Sempre. Deixando um legado inesquecível! Segue em Paz Dede Maia! Haux!” – Ion David, fotográfo