Foto: Jaime Barbosa/TI Katukina Kaxinawa

Ontem (16) foi decretada situação de emergência e instalado o Gabinete de Crise no Acre. O decreto, nº 8.028 do Estado do Acre, é em decorrência dos alagamentos em diversas regiões do estado, devido às fortes chuvas que ocorreram nos últimos dois dias.Também vigora no decreto a pandemia de COVID-19 no estado, que vem sofrendo com o aumento de casos nas últimas semanas, e o surto epidemiológico de dengue. 

Nos maiores municípios do Acre, o volume de chuvas acumuladas no mês de fevereiro já ultrapassou a média histórica desse período, segundo informações divulgadas no Diário Oficial. A precipitação dos dois últimos dias causou alagamento na bacia do Juruá (rios Juruá, Gregório, Tarauacá, Jordão, Envira e Humaitá), e na bacia do Purus (rios Purus, Iaco e Acre).

Foto: Associação Huni Kuī da TI Igarapé do Caucho

Várias lideranças e parceiros da CPI-Acre estão em contato permanente informando sobre a situação, relatando que nas Terras Indígenas há muitos casos de aldeias alagadas, sem água potável, além de roçados e sistemas agroflorestais também inundados, comprometendo a segurança alimentar de muitas famílias. A CPI-Acre também foi informada que nas Terras Indígenas Katukina Kaxinawá, Igarapé do Caucho, Alto Rio Purus, Rio Humaitá, Rio Jordão, Seringal Independência, Rio Humaitá e Igarapé Preto a situação é crítica. Indígenas que moram nas cidades também estão  sendo gravemente atingidos, há relatos de muitas pessoas desabrigadas. Os municípios de Rio Branco, Sena Madureira, Tarauacá, Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves, Santa Rosa do Purus, Jordão são os principais atingidos. 

A comunicação com os colaboradores é limitada, a conexão nos municípios e TIs está instável, e a equipe da CPI-Acre está recebendo novos informes no decorrer do dia. Ainda não é possível mensurar com exatidão os danos que os alagamentos estão causando para os povos indígenas no Acre. No entanto, através dos relatos pode-se afirmar que a situação é grave.

A CPI-Acre está também em contato com o GT Interinstitucional de Monitoramento da COVID-19, formado pelo Governo do Acre, Funai, SESAI, CPI-Acre, OPIAC, MATPHA. O GT, que está recebendo e fornecendo informações sobre a situação das pessoas atingidas, está também monitorando a precipitação pluviométrica dos próximos dias.

Desde o começo da pandemia de COVID-19, a CPI-Acre está trabalhando junto aos indígenas e às instituições parceiras em ações de combate à doença. Nesse momento, em que o cenário se agrava com a epidemia de dengue e a situação dos alagamentos, o trabalho em conjunto é a estratégia mais eficaz para a proteção dos povos indígenas.

Foto: Paulo Lopes/Alto Rio Purus