ndígenas que participavam do ATL foram alvos de preconceito. (foto:Leilane Marinho/CPI-Acre)

A comunidade acadêmica, jurídica, bem assim instituições de Direitos Humanos, de direitos aos povos originários e as instituições indígenas e não indígenas organizadoras do “1º Acampamento Terra Livre – 2019 Acre, sul do Amazonas e noroeste de Rondônia” vem, por meio deste documento, considerando ter sido verificadas postagens preconceituosas em redes sociais (Facebook), comentários jocosos e criminosos relacionados ao evento ATL – Acampamento Terra Livre, repudiar qualquer tipo de discriminação ao modo de vida e a cultura dos povos indígenas, esclarecendo que é dever do estado, união bem como de qualquer cidadão, promover o respeito dos povos originários e promover uma convivência pacífica e harmônica, mormente ante o direito fundamental assegurado no art. 5° da nossa Constituição Federal.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (…) (grifo nosso)

As declarações postadas com conteúdo preconceituoso e ofensivo contrariam o ordenamento jurídico pátrio e desrespeitam cidadãos brasileiros que têm sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições asseguradas constitucionalmente (art. 231 da Constituição Federal).

Ademais, a prática de tal conduta enseja reparações cíveis por danos morais coletivos, configurando, ademais crime de racismo, consoante previsto na Lei n° 7.716/98, que define os crimes de preconceito de raça e cor dirigida a determinado grupo ou coletividade específica.

Repudiamos também os comentários racistas proferidos por discentes da UFAC – Universidade Federal do Acre, no “Restaurante Universitário” durante os 3 dias da versão estadual: “Acampamento Terra Livre – 2019 Acre, sul do Amazonas e noroeste de Rondônia” realizado no campus da universidade que reuniu lideranças e instituições que abrangem todos os 17 povos indígenas deste Estado.

Diante disto, não se pode tolerar que pessoas venham em público lançar seu ódio a determinados grupos, tendo em vista que isso contraria a dignidade da pessoa humana.

O que torna o Estado do Acre ímpar no cenário nacional é exatamente a diversidade de povos e culturas e a convergência do Estado e instituições em preservar tal pluralidade.

Com isso, as pessoas tenham e devem ter a consciência do peso que as palavras podem ter caso contrário as amarras do seu pensamento não o libertaram, que a justiça punitiva recaia sobre sua ignorância.

Por fim, prestando elogios ao apoio que a Universidade Federal do Estado do Acre prestou no evento “Acampamento Terra Livre – 2019 Acre, sul do Amazonas e noroeste de Rondônia”, sendo de conhecimento público que a mencionada IES tem um histórico de luta pelos direitos indígenas, solicitamos o apoio da instituição de ensino superior na apuração da prática descrita e punição de eventuais estudantes envolvidos.

Solicitamos, também, apuração pelos órgãos de persecução acerca do fato aqui narrado, considerando-se que (ao menos em análise preliminar) houve prática de ilícito (cível e criminal), por ofensa e menosprezo à coletividade indígena.

Rio Branco, 29 de abril de 2019.

– Solene Oliveira da Costa

Ouvidora Geral da Defensoria Pública do Estado do Acre

– Ivan de Oliveira Santos Ferreira – Defensor Público Federal

– Luciana de Miguel Cardoso Bogo – Procuradora da República Federal

– Conselho Consultivo da Defensoria Pública do Estado do Acre

– Conselho Nacional de Ouvidorias das Defensorias Públicas

– Amaiac: Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre

– APIB: Articulação dos Povos Indígenas do Brasil

– COIAB: Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira

– SITOAKORE: Organização de Mulheres Indígenas do Acre Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia

– OPIAC: Organização dos Professores Indígenas do Acre

– OPIRJ: Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá

– CPI-AC: Comissão Pró Indio do Acre

– ADUFAC: Associação dos docentes da Universidade Federal do Acre

– CIMI: Conselho Indigenista Missionário

– FUNAI: Fundação Nacional do Índio

– DESEI/Alto Purus: Distritos Sanitários Especiais Indígenas

– OPIAJBAM: Organização dos Povos Indígenas Apurinã e Jamamadi de Boca do Acre

 – OPIRE: Organização dos Povos Indígenas do Rio Envira

– OCIK: Organização das Comunidades Indígenas Kaxarari – noroeste de Rondônia

– Lideranças do Povo Jaminawa das terras indígenas Cabeceira do Rio Acre, Mamoadate, Rio Caeté, Jaminawa da Colocação São Paulino e Caiapucá

– Lideranças do Povo Manchineri das terras indígenas Cabeceira do Rio Acre e Mamoadate

– Lideranças Huni Kuin da terra indígena Alto Rio Purus

 – Fundação Txai: Instituição de fortalecimento das organizações indígenas e tradicionais da Amazônia – Rio Branco/Acre

 – Neabi-Ufac: Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas da Universidade Federal do Acre.

– Neabi-Ifac: Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas do Instituto Federal do Acre.

– FPEER/AC: Fórum Permanente de Educação Étnico Racial do Estado do Acre

– Anpuh/AC: Associação Nacional dos Professores de História

– Coepir: Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial

– Compir: Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial

– JCONEN/AC: Juventude da Coordenação Nacional de Entidades Negras

– ODR: Observatório de Discriminação Racial do Estado do Acre

– GPPCDH: Grupo de Pesquisa “O processo de construção do docente em História: possibilidades e desafios da formação inicial e da formação continuada do fazer-se historiador em sala de aula”

– CDDHEP: Centro de Defesa dos Direitos Humanos e Educação Popular do Acre- Raimunda Bezerra da Silva – presidente

– Cernegro: Centro de Estudos e Referência da Cultura Afro-brasileira do Acre

– CCCBA: Centro de Cultura e Convvenções Benedito de Aruanfa

– CTA: Centro dos Trabalhadores da Amazônia – Júlia Feitoza

– Movimento 8M: Movimento de Mulheres 8M

– Coletivo Empate

– Instituto Ecumênico Fé e Política: Pacífico Dantas – presidente

– Associação de Mulheres Negras do Acre

– Centro Acreano de Hip Hop

– Coordenação do Curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Acre – Ufac

– Área de História da Ufac (Bacharelado e Licenciatura)

– Professores da Área de História Bacharelado e Licenciatura da Ufac

– Centro Acadêmico Elson Martins: representação dos acadêmicos do curso de Jornalismo/UFAC

– Alunos(as) do Curso de extensão do Neabi-Ufac – Educação das relações étnico raciais: a história da população negra no Brasil e os desafios da lei 10.639/03

– Revista em Favor de Igualdade Racial – ODR/Ufac

– Minas 68, Coletivo de Graffiteiras do Acre

– Sérgio de Carvalho – Cineasta e Militante dos Direitos Humanos

– Padre Massimo Lombardi

– Padre Graciano Raschioni

– Natielly Castro – estudante de filosofia – poeta – militante dos direitos humanos e  feminista negra

– Raquel Lima – Etnógrafa e Feminista Negra

– Marisol de Paula Reis Brandt Profa. Dra. Docente do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Ufac

– Letícia Helena Mamed – Profa. Doutoranda docente Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Ufac

– Eurenice Oliveira de Lima – Profa. Dra. Docente do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Ufac

– Ermicio Sena de Oliveira – Prof. Dr. Docente do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Ufac

– Francisca Arruda Batista Apurinã